CIMA É UM LONGO PROCESSO

Tudo começou com a Conferência Internacional de Supervisores de Seguros (CICA), que foi fundada em 1962. Estava preocupada em preservar o bom funcionamento das companhias e agências de seguros estabelecidas nas antigas colónias francesas da África Ocidental e Central e em Madagáscar.

Assim, em 27 de Julho de 1962, foi assinada uma Convenção entre treze Estados africanos que são : Benim, Burkina, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Congo, Côte d’Ivoire, Gabão, Mali, Níger, Senegal, Togo, Madagáscar e França.

Os principais objectivos eram :

a) Harmonização das leis e regulamentos nacionais ;

b) A coordenação do exercício da supervisão das empresas;

c) A coordenação da formação de executivos africanos de seguros.

medida que os executivos africanos são formados e os Estados tomam consciência da importância deste sector para a economia dos seus países, estão previstas outras medidas para assegurar o desenvolvimento dos mercados nacionais de seguros. A ideia é difundir, com a ajuda da UNCTAD, a criação de empresas de capital total ou predominantemente nacional e dirigidas por executivos nacionais. Outra preocupação era limitar a fuga de capitais através do resseguro.

Para alcançar estes objectivos, era necessária uma CICA mais africana. Uma nova convenção foi assinada entre doze (12) Estados africanos (os acima designados), com excepção de Madagáscar e França, em 27 de Novembro de 1973. A sede da CICA foi então transferida de Paris para Libreville, em 1976. A França continua a ser um simples observador.

Em 1990, um diagnóstico revelou uma deterioração persistente nos mercados de seguros:

·          má gestão da maioria das sociedades nacionais ;

·          ineficiência dos serviços de controlo a nível nacional ;

·          a impotência da CICA como organismo de controlo e harmonização a nível regional;

·          taxas inadequadas ;

·          número pletórico de intermediários ;

·          ausência de um mercado financeiro ;

·          ausência de uma escala de compensação adaptada à tarifa do seguro automóvel, resultando em condenações díspares e exageradas nos tribunais;

·          fraqueza do seguro de vida ;

·          Os mercados nacionais são demasiado pequenos para permitir que o sector dos seguros se desenvolva de forma satisfatória.

 

Este triste quadro indica que as várias convenções não permitiram o desenvolvimento harmonioso dos mercados de seguros da CICA nos últimos trinta anos. O resultado tem sido uma notória diminuição do volume de negócios, um desequilíbrio na gestão de companhias de seguros com enormes dificuldades financeiras que levaram à falência de muitas companhias de seguros.

 

A 20 de setembro de 1990, em Paris, numa reunião da Zona Franca, foi assinado um novo acordo de cooperação entre os mesmos Estados africanos. Esta é a “Convenção de Cooperação para a Promoção e o Desenvolvimento da Indústria das Garantias” (CCDPIA). Caracteriza-se pela criação de um Conselho de Ministros de Seguros (CMA) e de uma Comissão de Fiscalização de Seguros Interestadual.

 

O CCDPIA foi iniciado pelos próprios africanos que compreenderam a falta de poder de decisão da CICA e a indiferença dos poderes públicos em relação aos estudos e controles realizados pela CICA. Entretanto, antes da ratificação pela maioria dos Estados signatários, surgiu a idéia do CIMA, cujos iniciadores se basearam fortemente no diagnóstico da CICA indicado acima. Assim, um grupo de trabalho foi criado por iniciativa dos Ministros das Finanças da Zona Franca, em Ouagadougou (Burkina Faso), no dia 25 de abril de 1991.

 

Apesar deste triste facto, há que reconhecer que foram feitos alguns feitos valiosos sob a égide da CICA, nomeadamente a criação da CICA:

  • das sociedades nacionais ;
  • autoridades nacionais de supervisão dos seguros ;
  • do Instituto Internacional de Seguros (IIA) ;
  • da Federação das Companhias de Seguros Nacionais Africanas (FANAF)
  •  da Compagnie Commune de Réassurance des Etats membres de la CICA (CICA-RE)

Mas é claro para nós que a formação dos executivos africanos tanto nas empresas como no controlo no mesmo molde (o Instituto Internacional de Seguros de Yaoundé), a troca de experiências partilhadas durante os mesmos seminários organizados pelo IIA, UNCTAD ou FANAF, a utilização de legislação harmonizada (e não única ou unificada) de inspiração comum, são factores que facilitaram a criação e hoje o funcionamento do CIMA.

 

O CPDIA dará assim lugar ao Tratado que institui uma Organização Integrada da Indústria Seguradora nos Estados Africanos com a Conferência Inter-Africana dos Mercados de Seguros, abreviadamente CIMA, assinado em 10 de Julho de 1992 em Yaoundé (República dos Camarões) pelos governos dos seguintes Estados Membros como um organismo comunitário: Benim, Burkina Faso, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Comores, Costa do Marfim, Guiné Equatorial, Gabão, Mali, Níger, Senegal e Togo. Dos catorze (14) Estados signatários, apenas Comores ainda não ratificou o Tratado.

O Tratado CIMA entrou em vigor em 15 de Fevereiro de 1995. Prevê a adesão de qualquer outro Estado africano que o deseje.

O número de Estados-Membros do CIMA aumentou de treze (13) para catorze (14) com a adesão da Guiné Bissau em 15 de Abril de 2002.